1. |
Zona Norte
01:04
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ela não era nada
além de uma qualquer
comendo na cozinha
ketchup com a colher
a mãe e a vizinha
não querem imaginar
o que ela faz sozinha
de noite no sofá
guarda um segredo
que ninguém vai achar
na caixa de correio
na agenda do celular
acende um cigarro
depois bota um cd
acende os faróis do carro
depois bota pra correr
entrando na avenida
ela avança no sinal
parte pra zona norte
onde tudo está igual
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2. |
Quarto do Zelador
03:52
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chegando no colégio
ela vem devagarinho
deixando a cinta-liga
no meio do corredor
chegando de mansinho
ela vem com amizade
sentando com carinho
no colo do diretor
você quer inteirinho
ela te dá só a metade
partindo meio a meio
a magia do amor
enquanto tá sozinho
você tem sua vontade
mas depois ela chega
pra tirar seu mau humor
talvez ela consiga
um cara mais bacana
um cara mais bonito
ou então um impostor
enquanto ele não chega
ela volta pra escola
oferece um cafezinho
na sala do professor
deixando colorida
a sala de história
enchendo de lascívia
o quarto do zelador
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3. |
Diabo Com o Meu Coração
03:56
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procurando um momento
e a menor explicação
a causa consequente
o início da conclusão
na vontade de saber
no desejo de gritar
esse é meu alimento
e hoje vou de bar em bar
será que ela vai estar lá
de salto alto um drink na mão
será que ela vai me esperar
fazer o diabo com o meu coração
eu encontrei com ela agora no bar
disse agora você vai me mostrar
do que você é feito
eu respondi sou feito de osso duro
de carne humana
e de dente escuro
no meu pulmão
nenhum ar vai circular
meu coração
um dia há de parar
mas por enquanto
ele vai palpitar
palpita tanto
que vai me destroçar
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4. |
O A e o Z
02:37
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ah!
começa ardendo pra depois doer
como é que pode você não querer?
tem muita estrada para percorrer
tem muito assunto pra se debater
eu vou primeiro depois vai você
abra os seus olhos você tem que ver
estou aberto para quem não crê
eu sou o omni
eu sou o a e o z
o a e o z
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5. |
Gengiva Cor-de-Rosa
04:06
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no ato de guardar
em sonhos os problemas
e as coisas pequenas da vida
ela pegou um atalho
pedregoso e falho
e nunca mais voltou
levou consigo sorrisos
lágrimas choros juízos
daqueles que tentaram segui-la
agarrando-se em sua mochila
mas não funcionou
bem que eles tentaram
bem que ela tentou
de lágrimas uma cachoeira
íngrime numa sexta-feira
sombria e chuvosa
e ela sorria nervosa
entre dentes
e uma gengiva cor-de-rosa
de dentro de um escort
ela um dia teve a sorte
de estar sozinha no escuro
oh meu deus que momento
aproveite o sofrimento
e não reclame dos juros
ah se um dia isso for aumentar
ah se eu pudesse retornar
ao tempo do tesouro escondido
ao tempo do misterioso marido
guardado a sete chaves
numa casa luminosa
e ela sorria nervosa
entre dentes
e uma gengiva cor-de-rosa
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6. |
Segundo Tempo
03:01
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desmembrado
e falido
agarrado
no seu vestido
essa é a hora
de mudar
não me deixe sair
antes do segundo tempo acabar
eu que era
tão tristonho
morri de medo
do fim do mundo
meteoros
e vulcões
terremotos
erupções
nada parece real
mas ainda é tempo
de fugir
corra
enquanto ainda tem suas pernas
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7. |
Contramão
01:09
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8. |
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colhendo flores a pobre camponesa
guardando as rosas que desabrocham
em um vasinho em cima da mesa
na primavera seus amores vêm e vão
um gancho no lugar da mão esquerda
eis a história
do casamento da mulher sem mão:
ela o encontrou num dia de verão
montado num cavalo em busca de sossego
ela trazia um cesto de pães
com o qual alimentou o pobre cavaleiro
pôde dar-lhe metade do cesto
queria dar-lhe o cesto inteiro
amaram-se no mato
como um casal de gatos
ele selvagem
ela no cio
lavaram juntos as roupas
sujas de sangue
na beirada daquele rio
o cavaleiro lhe pediu em casamento
"vou pedir sua mão ao seu pai"
ele disse
"não posso oferecer o que não tenho"
respondeu a moça mostrando-lhe o cotoco
"bobagem", ele gritou
"isso pra mim é pouco"
imaginando que não receberia as carícias
daquela mão inexistente
o cavaleiro a pôs em seu cavalo
e juntos chegaram ao vilarejo
o pai autorizou o casório
e matou um porco para o jantar
pois agora o vilarejo teria o que festejar
dois meses depois
subiram no altar
ele de preto
ela de branco
dançando
cantando
uma velha música
do folclore popular
e as rosas que ela colhia no bosque
serviram como um lindo buquê
que ela jogou pra trás
junto com a vida solitária
que levava na pastagem
o cavaleiro então lhe revelou
que na verdade era um príncipe
e agora ela seria sua princesa
e iriam morar
numa bela fortaleza
na capital do reino
e assim
foram felizes pra sempre
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9. |
A Tempestade
02:58
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eu
subi essa cidade
à vontade pra buscar
qualquer coisa pra mim
no meio tempo veio a tempestade
e acabou
com qualquer coisa que pudesse
acontecer
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Nosso Querido Figueiredo Porto Alegre, Brazil
Figueiredo iniciou sua jornada em 2008. Desde então, gravou dezenas de álbuns caseiros.
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